Hoje posto um tema excelente que foi estudado na reunião do meu bloco Tema: a diferença entre a “lei geral de causa e efeito” e a “lei da causalidade” exposta por Nichiren Daishonin.

Comecemos com uma famosa frase do escrito “Carta de Sado”: “Aquele que escala a montanha, mais cedo ou mais tarde, terá de descê-la. Aquele que despreza o outro, será desprezado [...]. Essa é a lei geral de causa e efeito”. (Os Escritos de Nichiren Daishonin, vol. 5, pág. 25.)
No trecho acima, por meio de raciocínio compreensível a todos, o Buda Nichiren Daishonin demonstra a visão convencional da lei de causa e efeito. Mas, continuando a leitura do mesmo Escrito, no trecho seguinte encontraremos uma frase intrigante: “No entanto, meus sofrimentos não se atribuem a essa lei causal”. (Ibidem, pág. 26.)

Por que?
“Isso porque para se erradicar todas as causas cometidas no passado, uma a uma, seria preciso um tempo inconcebivelmente longo.” (Ibidem.)
“Em ‘Carta de Sado’, Daishonin salienta que essa visão sobre a retribuição cármica se baseia na ‘lei geral de causa e efeito’. De modo implícito, ele diz que o seu budismo não se baseia nessa causalidade geral.” (Ibidem.)
Um choque de realidade
“Em contraste, a causalidade geral dos ensinos pré-Sutra do Lótus opera com base no princípio da não-simultaneidade de causa e efeito. Como a eliminação de incontáveis faltas cometidas em existências passadas levaria um tempo inconcebível, a transformação do carma nesta existência acabaria sendo algo impossível.” (Ibidem, pág. 52.)
O Budismo Nichiren não é pessimista
A intenção de Nichiren ao explicar sobre a lei de causa e efeito e o carma é apresentar um meio prático de transformação da nossa realidade por meio da manifestação do estado de Buda. Todos têm o estado de Buda; a questão é como manifestá-lo na vida real, e o mais importante: agora!
“Em ‘Carta de Sado’, Daishonin salienta que essa visão sobre a retribuição cármica se baseia na ‘lei geral de causa e efeito’. De modo implícito, ele diz que o seu budismo não se baseia nessa causalidade geral.” (Ibidem.)
Um choque de realidade
“Em contraste, a causalidade geral dos ensinos pré-Sutra do Lótus opera com base no princípio da não-simultaneidade de causa e efeito. Como a eliminação de incontáveis faltas cometidas em existências passadas levaria um tempo inconcebível, a transformação do carma nesta existência acabaria sendo algo impossível.” (Ibidem, pág. 52.)
O Budismo Nichiren não é pessimista
A intenção de Nichiren ao explicar sobre a lei de causa e efeito e o carma é apresentar um meio prático de transformação da nossa realidade por meio da manifestação do estado de Buda. Todos têm o estado de Buda; a questão é como manifestá-lo na vida real, e o mais importante: agora!

O objetivo é transformar. Se a “lei geral de causa e efeito” for a base da nossa vida, a transformação é impossível. Exatamente por isso, ela não corresponde à visão de Nichiren Daishonin porque só conduz a um pensamento pessimista e não transforma. Então, o que fazer?!
A causalidade da Lei Mística
A resposta de Nichiren é a causalidade da Lei Mística. O presidente Ikeda explica: “A causalidade para atingir o estado de Buda" implica eliminar o mal fundamental e manifestar com vigor o estado de Buda — a nona consciência — que existe na essência da vida. Esta é a "causalidade da Lei Mística" implícita no Sutra do Lótus; ou seja, no Nam-myoho-renge-kyo”. (Ibidem).
Como funciona a causa e efeito da Lei Mística?
“Mesmo que neste momento estejamos sofrendo devido a alguma retribuição cármica, se nos basearmos na causalidade da Lei Mística, manifestamos imediatamente o vasto estado de vida de Buda. Isso quer dizer que só podemos transformar realmente nosso carma por meio da Lei Mística da simultaneidade de causa e efeito.” (Ibidem.)

A maneira de viver essa lei não é outra senão a prática do Shakubuku. O presidente Ikeda continua: “Nichiren esclarece o tipo de prática budista que nos possibilita realizar causas positivas fundamentais. Essa prática não é outra senão o Shakubuku — a refutação do errôneo e a revelação do verdadeiro — especificamente expressa como ‘denunciar os inimigos do Sutra do Lótus’, um ato que incorpora a causalidade da Lei Mística e que nos permite transformar o carma.” (Ibidem.)
Shakubuku
“‘Se Nichiren está fazendo a mesma causa que o Bodhisattva Jamais Desprezar, como seria possível ele não se tornar um buda igual a Shakyamuni?’, pergunta a si mesmo Daishonin pelo bem dos discípulos. A frase indica o princípio da unicidade de mestre e discípulo. Em outras palavras, nós também podemos, infalivelmente, atingir o estado de Buda se seguirmos o exemplo de Daishonin e triunfarmos sobre nossas adversidades, e mantivermos firmemente a prática do Shakubuku: refutar o errôneo e revelar o verdadeiro.” (Ibidem.)
Shakubuku - II
A prática do Shakubuku é a ação de realizar o Juramento Seigan de um Bodhisattva da Terra. Ou seja, cumprir a missão de lutar em prol da felicidade de outras pessoas. E, justamente esta ação corresponde a viver com base na “causalidade da Lei Mística”.

Causalidade de mestre e discípulo
O presidente Ikeda avança no tema e apresenta a “causalidade de mestre e discípulo” — ter a mesma conduta que o Mestre — como a chave para a transformação total do carma.
Causalidade de mestre e discípulo - II
“É natural que nossa vida pareça bem diferente da vida de um grande predecessor como o Buda Nichiren Daishonin. Isso é perfeitamente lógico já que somos indivíduos diferentes, cada um com as próprias circunstâncias, personalidade, capacidade e subjetividade. No entanto, se fizermos o mesmo tipo de causa que os corajosos devotos do Sutra do Lótus do passado realizaram, ou seja, se mantivermos o mesmo curso de ação e a mesma prática que eles, poderemos obter os mesmos efeitos ou resultados. Esta é uma forma de ver a causalidade baseada no caminho do mestre e do discípulo.” (Ibidem.)
A grande “sacada”, ou a grande revolução do budismo, é ter a mesma conduta do Mestre. Mas como fazer isso?
Conclusão
O presidente Ikeda ensina: “Embora os discípulos se sintam totalmente diferentes do mestre em termos de sabedoria e de benevolência, enquanto mantiverem o mesmo compromisso, os mesmos ideais e esforços abnegados que o mestre poderão, sem falta, desfrutar um estado de vida tão sublime e vasto quanto o do mestre. Esse é o caminho para atingir a iluminação com base na unicidade de mestre e discípulo que pulsa no Sutra do Lótus.” (Ibidem)."
Fonte Terceira Civilização - Edição 511 - 19/03/2011 - Pág.52 - Os Encantos da Filosofia Budista - Para iniciantes