terça-feira, 9 de junho de 2009

O ensino para se atingir o estado de Buda na presente forma


Há um tempo estava querendo colocar aqui no blog um texto sobre as diferenças do Budismo antes e depois do Sutra de Lótus, comparando a era de Sakyamuni com a de Daishonin (Primeiros Dias da Lei e Últimos Dias da Lei, respectivamente) e não por acaso achei uma matéria excelente no Jornal Brasil Seikyo de Abril de 2009, que reproduzo aqui.


"Os ensinos budistas pré-Sutra de Lótus pregavam que os seres vivos estavam agrilhoados ao sofrimento, como resultado das causas negativas criadas em existências passadas, e que só podiam mudar essa condição de escravidão depois de realizar incontáveis aeons de práticas budistas e de renascer no futuro num estado de vida mais elevado. Em contraste, Nichiren Daishonin ensina que uma mudança profunda e essencial em nossa atitude ou mentalidade pode mudar instantaneamente nossa vida, sem que tenhamos de mudar nossa identidade. Quando mudamos internamente, não somente nossa vida se transforma como também nosso ambiente. A “Lei do lótus” — a Lei Mística da simultaneidade de causa e efeito — permite-nos revelar nosso infinito potencial inerente e atingir um estado de completa liberdade que abarca o passado, o presente e o futuro, ou seja, as três existências da vida.
Há dois níveis do princípio de causalidade. Segundo a retribuição cármica simples, ou Causalidade Geral, cada um recebe efeitos positivos ou negativos conforme as ações praticadas. Boas causas conduzem à felicidade, alegria e tranquilidade, enquanto causas negativas resultam em sofrimento, dor e angústia. A causalidade geral do ciclo de transmigração ou renascimento — o ciclo de nascimento, velhice, doença e morte — é uma lei rigorosa da qual ninguém pode escapar. Essa causalidade ressalta que cada indivíduo é responsável pela própria vida. Nesse sentido, brinda uma sensação de independência e liberdade muito maior do que a simples noção de um indivíduo impotente, à mercê de um destino arbitrário ou sujeito à vontade divina de um ser absoluto e transcendental. Porém, faz com que as pessoas sintam-se oprimidas por terem de suportar o peso do carma acumulado ao longo de incontáveis existências.


O segundo nível vai além dessa ideia e revela um princípio de causalidade mais profundo, que rege todas as manifestações da vida. O budismo ensina que quando manifestamos o supremo estado de Buda inerente em nossa vida realizamos o bem mais elevado e, por esse motivo, podemos instantaneamente consolidar um estado de felicidade inabalável. Isto é, podemos manifestar o efeito ou o fruto da iluminação, revelando nossa natureza de Buda inata como seres dos nove mundos, sujeitos à causalidade dos três caminhos (desejos mundanos, carma e sofrimento). Esta é a causalidade da Lei Mística.
Esse nível mais profundo de causalidade exposto pelo budismo difere da lei comum de causa e efeito sujeita ao marco temporal, que conhecemos como causalidade geral. O que funciona nesse nível mais profundo é a simultaneidade de causa e efeito, segundo o qual, mediante a mudança em nossa mente ou coração, podemos manifestar, instantaneamente, nosso estado de Buda intrínseco, aqui e agora. Em termos práticos, esta verdade implica que quando mudamos fundamentalmente nossa atitude mental, podemos transformar instantaneamente nossa vida, nosso ambiente ou circunstâncias.
A Lei da Causalidade Geral continua sendo uma premissa básica do budismo, mas ela está incluída pelo que poderia ser chamado de “causalidade maior”. Esta última, mais abrangente, é a causalidade de atingir o estado de Buda expressa no sutra de Lótus e na Lei Mística."
Fonte: Jornal Brasil Seikyo de Abril de 2009

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